terça-feira, 27 de maio de 2008

mês de junho

um brinde ao mês da festa junina, do Signo de Câncer, do Dia dos Namorados e também do show no teatro do Shopping Eldorado, dia 11, amém!



poemeto fresquinho:
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O PULO DA GATA


Foi um gatinho que achei na rua.

Vendo um felino de tamanha categoria
(Forte-Esguia)
E livre
E leve
E desempedido,
Pensei: Que desequilíbrio!

E me desequilibrei pro lado dele.

carochinha




Era uma vez. A menina que se apaixonou arrebatadoramente por um moço muito bonito que chegou em sua vida muito desavisadamente – sem permissões, previsões ou quês. Assim-assim: chegou um moço!. E ele está aí.
Um encanto, ali, entre eles, súbito: se em algum tempo foram desconhecidos, desligados um do outro, esse tempo era de há, longe, era excesso - tempo que sumiu no horizonte, tempo que não tem por onde puxar. E agora, agora sim!, era o tempo existente real, tempo-presente, que pulsa estoura transcende revolve,
e a história deles se inventando, graciosa; era um presentinho do acaso, feliz feliz feliz.
A Menina e o Moço: ancoraram-se um no outro, e àquela calma quente que exalava deles quando perto, àquilo chamaram-lhe Amor. E eram a Menina o Moço; Mulherão e Menininho; Tia e Tio; Tigresa e Canguru - língua tola e invejável dos amantes em sua adorável perdição.
E não há recanto onde caiba a dúvida de que eles foram felizes como não se imagina – e felizes muito para sempre, porque viviam felizes já-hoje, e Hoje tinha toda a beleza que o Sempre teimaria roubar:
Hoje chamava-se A Menina e o Moço.

E esta página é sem fim

quarta-feira, 21 de maio de 2008

psiu

"Só mais um silêncio.
O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais."

J G Rosa

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O texto que virou um frevo em parceria com Giana Viscardi (Conheçam Giana)! O frevo, vocês conhecerão.









DA CEGUEIRA



Pensou que ia ser fácil, Maria, foi ou não foi? Foi, no aeroporto. Quando ficou abraçada a Marcelo que enfeitava seu rosto de beijos, tentou decorar, tentou mais saber, que gosto ele tinha, o peso de cada braço, o cheiro da pele dele; chorou mas foi pura, que nem criança: chorou mas poderia esquecer o motivo à primeira distração que lhe apresentassem, choro-leve, por isso achou mais delicioso que nunca seu marido-noivo Marcelo quando se despediu, e pensou que eles nem mais se veriam na vida, mas que não tinha problema, já tinham construído tanto a beleza só deles. E realmente, no fundo pensou que ia ser fácil. Só porque previa as maiores distâncias.

Acontece que - só Deus para se rir de tamanhas pequenas desgraças do amor - passou a semana em lonjuras, e a cama solteira aumentava assombrosa a cada noite, Maria sozinha, a princípio nem doía, só incomodava, qual coceira; bebia uma água, pensava a letra de uma música, dormia, passava. Aí mais noites passaram, houve mais músicas, a cama anoitecia, ciúmes, Maria nem sabia do quê, e foi ficando fraquinha, adoeceu, aí que doía.

Aí chamou por Marcelo só um pouquinho, antes de dormir, nem deixou-o tempo para atender ao chamado, só quis tocar, Finge que é pra ver se toca ou emuda ou dá sinal de ocupado, nem tinha nada o que dizer. No dia seguinte, já melhor, meditosa na fase de fim da convalescença, Marcelo ligou. Só seu nome já enfeitava o escuro, piscando na tela brilhante do celular - "marcelo-delícia chamando". Certas graciosidades vêm a calhar. Ouviu a voz dele, demais diferente, ou não, e foi melhorando, sorrindo, como quando já disse Te amo seu doido, e mesmo quando ele não respondesse, certas frases não carecem da contra-proposta. Maria, uma gotinha ainda cansada da doença, evaporava gotinhas, cantava por dentro ao ouvir a voz fervente de Marcelo. Chorou ao desligar o telefone e se sentiu tão boba. Sabia que ia ser assim ou pensou que ia ser fácil? Chorava cantando por dentro, fazendo chuvas e sóis, nem tão mais tarde que as serpentinas. Marcelo era carnaval o ano inteiro e Maria tinha saudades e ciúmes do ano inteiro que na vida real não continuava carnaval. E pensar que ia ser fácil, se afastar de um homem desses, Maria francamente às vezes não enxerga a um
palmo do nariz.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

poemeto sem açúcar

Café

Hoje
É um dia normal
E faz frio.

Poderia chover;
Estiar;
Fazer sol;
E ser um dia igual;
Parecido.

.

Às vezes,
Quando Maria se senta na varanda para fumar um cigarro ou dois,
Sente falta de Vinícius.



Mas, na maioria das vezes,
Sente só prazer.

Conselho? nenhum

"Dar bons conselhos é insultar a faculdade de errar que Deus deu aos outros.

Só é permitido que se peça um conselho a alguém para saber bem, ao agir ao contrário,

que somos bem nós,

bem em desacordo com a Outragem."



Fernando Pessoa (O Livro do Desassossego)

sábado, 10 de maio de 2008

SESC Pompéia - Terça

Muchachitos,

Façam o favor de aparecer terça-feira na choperia do Sesc Pompéia lavar a alma comigo! É grátis! Às 21h! E sempre a agenda no site http://www.brunacaram.com.br/



E no fim-de-semana, indico a vocês o show que o Dominguinhos está fazendo no Fecap, fui quinta passada e saí flutuando...



"Não se compreende música: ouve-se. Ouve-me então com o teu corpo inteiro."

Clarice Lispector, O Livro dos Prazeres



Ouçam Lokua Kanza. Tem aqui ó http://www.myspace.com/lokuakanza.

E bom sábado!



quinta-feira, 8 de maio de 2008

V O X

A voz e o silêncio.

No amor na literatura.:



"A mais poderosa arma de sedução é o silêncio. Ponha suas intenções à mostra, mas não fale nada. Cale".

Dorival Caymmi (ouçam Caymmi, ouçam Desde Ontem dele).





"É mais ou menos assim que nasce o amor: a mulher não resiste à voz que chama sua alma amedrontada; o homem não resiste à mulher cuja alma retorna atenta à sua voz".

Milan Kundera (leiam A Insustentável Leveza do Ser)



"Tudo o que muda a vida vem quieto no escuro, sem preparos de avisar".

Guimarães Rosa (leiam tudo, tudo dele)







sábado, 3 de maio de 2008

Música, a linguagem universal...

"Cantava, com uma voz muito suave, uma canção de país longínquo.

A música tornava familiares as palavras incógnitas.

Parecia o fado para a alma, mas não tinha com ele semelhança alguma.



A canção dizia, pelas palavras veladas e o som da melodia humana, coisas que estão na alma de todos mas ninguém conhece".



Fernando Pessoa, O Livro do Desassossego